O amor não é só cego, ele é burro

Quando amamos alguém, nos entregamos completamente. Afinal, como você mede o amor? Qual é a dose certa para se amar alguém? Existe como ponderar sobre isso? Sobre esse valor de amar?

O mundo fala tanto sobre esse sentimento e do seu incrível poder de mover montanhas… De como ele “cura” tudo.

Mas também há os românticos que escrevem sobre a catástrofe de se amar. Do quanto dói. Do quanto machuca. Do quanto destrói.

Por vezes escolhemos ser cegos. Escolhemos simplesmente fingir que não estamos vendo o quanto aquele amor nos faz mal. Não importa o quando os outros nos alertem, nós permanecemos ali. Dando a nossa cara a tapa.

E ao mesmo tempo que escolhemos ser cegos, acabamos nos transformando em burros. Por que continuar amando alguém que simplesmente te alimenta com migalhas? Que não hesita em massacrar seu coração como se ele não fosse nada?

Existe uma crença por trás do amar: o de transformação. Acredita-se que as pessoas mudem por amor. Que elas sintam essa vontade de ser alguém melhor porque o outro a faz se sentir dessa forma. Mas isso é tão relativo. Não basta você querer mudar alguém.

O querer da mudança é um dos piores. Ao querer algo, você espera algo. E se você espera algo, você cria expectativas. E a probabilidade de você se frustrar é grande. Pois a maioria das vezes que esperamos algo de alguém, nos decepcionamos.

Mas sabe qual é a pior parte de amar? É querer ser amado. É você sentir um desespero para que o outro te aceite. Para que o outro o ame tanto quando você o ama. É você ter que mendigar por amor. É a situação chegar ao ponto de ser deprimente.

Essa é a hora em que você além de cego, é burro.

Contudo, falar de amor é bastante complicado. Nenhum amor é fácil de ser compreendido. Caso contrário, não existiriam zilhões de canções falando sobre a complexabilidade do assunto. E não estou aqui para dizer o que é certo ou errado.

O livre arbítrio existe fora do departamento amor. Pois não escolhemos quem amar. Simplesmente amamos. Amamos acima de qualquer coisa e de qualquer defeito.

Mas podemos escolher não ser cegos. E nem burros.

Chega um ponto em que devemos dar um basta. Em que o amor próprio deve ser maior que o amor pelo outro. Pois, se faz mais mal do que bem, então é hora de repensar se esse amor realmente vale a pena. Sabe porquê? Porque chega um momento em que o coração cansa.

Ninguém pode viver uma vida para costurar e remendar um coração. Que tipo de coração será o seu, se só existe para ser machucado? Onde é que está o amor disso?

As vezes você vira escravo do seu próprio amor. É um amor masoquista. Em que você é machucado incontáveis vezes e continua ali.

Libertar um coração é uma das tarefas mais difíceis. No começo dói e você acha que nunca vai conseguir se livrar da sensação de vazio. De que nunca vai conseguir seguir em frente sem que aquilo te atormente. Entretanto, as pessoas não deixam de amar. Elas superam o amor. É diferente.

Vivi algumas situações em que eu estava cega e burra. Mas eu consegui superar. Com muito esforço. Mas consegui.

Aprendi a nunca mais colocar alguém acima de mim. Não por ser egoísta, mas porque na maioria das vezes, eu esquecia de me amar para amar o outro. Isso está certo? Se não há reciprocidade, isso é válido? Acho que não. Acho que não é válido em nenhuma situação, na verdade.

Também aprendi que: não importa o quanto você ame,  as vezes, o amor não é o suficiente para mudar alguém. Que não adianta deixar todos os seus hematomas no passado se o outro faz questão de sempre trazê-los para o presente.

Eu amo. Amo muito. Mas eu também me canso. Me canso de sempre viver e reviver a mesma situação. Por isso, concluo que não importa o quanto eu me esforce, o meu amor as vezes não é o suficiente. E eu simplesmente não tenho mais a oferecer, porque eu já ofereci tudo o que eu tinha.

A hora de partir, a hora de crescer

You can see that your home’s inside of you — Jason Mraz

Crescemos ao lado de nossos pais ou responsáveis. Crescemos para que um dia, possamos caminhar com nossas próprias pernas. Como diz o ditado: “Os pais criam os filhos para o mundo“.

Um dia você vai sair de casa. E essa saída pode se dar de várias maneiras: através de uma grande briga, ou de uma decisão própria ou porque simplesmente não existe mais ninguém que te prenda aquele lugar. Um dia você deverá partir. Para onde? Bem… essa é uma pergunta interessante. Para onde ir?

A total independência é um pouco assustadora. Ser responsável por você mesmo. Viver sozinho. Ser você por você. Mas ao mesmo tempo, é excitante. Afinal, o que será que a vida terá para te oferecer? O mundo é imenso e nele existem infinitas possibilidades. Gosto dessa palavra: possibilidades.

1 aquilo que pode acontecer; 2 capacidade, ato de poder fazer algo

Honestamente, eu não parei para pensar para onde vou. Mas sei que o dia de partir está próximo. E a proximidade deste momento é um pouco intimidador para mim. Porque eu sinto que quando eu partir, parte de mim vai ficar aqui. Nós criamos raízes… E é difícil simplesmente arrancar tudo e ir embora.

Invejo as pessoas que sabem exatamente o que querem, para onde vão e o que vão fazer. Elas sabem quem querem ser. Já eu… tenho tantos planos tortos para a minha vida. Com nenhuma certeza. Nenhuma segurança. Nada. Só planos.

Mas me sinto desafiada. Desafiada a provar a minha capacidade individual de vencer. Porque vamos combinar… Ôh vida difícil essa! Nada é previsível. Por exemplo: você acha que está tudo bem. Que finalmente tudo está “ok” e ai, algo acontece e bagunça tudo. Conclusão? Você acaba não sabendo de mais nada. Só que a sua vida está bagunçada. De novo.

Porém, vamos concordar quê: se tudo fosse previsível, a vida seria extremamente tediosa. E outra coisa: sempre vai ser assim. Sempre iremos estar cercados de incertezas. Mas colocando isso de uma forma positiva: estaremos sempre cercados de possibilidades.

Tenho essa vontade avassaladora de conhecer o mundo. Quero viajar, conhecer novas pessoas, novas culturas e sair dessa redoma de cristal em que vivo. Quero me preparar para o mundo, porque um dia a redoma quebra e eu vou ficar desesperada. Ninguém te entrega um manual de instruções de: “como viver a sua vida”, “como se virar”, “como acertar nas suas escolhas”, “como ser dona do seu nariz”. Ninguém te ensina. A vida te ensina.

Uma certeza absoluta é que independente do lugar em que eu estiver, aquilo que eu chamo de casa, de lar, sempre vai estar comigo. Sempre. E provavelmente, cada lugar que eu passar, irei deixar uma parte de mim.

Deixo vocês com essa belíssima música do Jason Mraz, que reflete sobre tudo o que eu coloquei no texto de hoje. (confira a tradução)

♫ He told me, son sometimes it may seem dark
But the absence of the light is a necessary part